Compêndio de temas antroponímicos germánicos na Gallaecia

Nos inícios do s. V os povos suevos ocupárom áreas da velha província romana da Gallaecia, nomeadamente entre o Minho e o Douro, estabelecendo, desde o ano 409, umha dinastia monárquica que se mantivo até à derrota, em 585-6, de Andeca e Malarico polo visigodo Leovigildo. Nesse período de tempo, o reino suevo configurou-se como o primeiro estado a se segregar o império romano e cunhar moeda, convertendo-se, de facto, no primeiro estado medieval.

A nível externo, o reino, com capital em Braga, ocupou toda a área ocidental da Gallaecia. A nível interno, foi também a época em que se estabeleceu o Parochiale Suevorum, umha organizaçom administrativa baseada em paróquias que perdura mesmo hoje, com algumhas mudanças, tanto na Galiza como em Portugal. Em qualquer caso, os visigodos terminaram conquistando o reino da Suévia, e tanto as consecutivas centralizaçons cara a Toledo até à desapariçom do reino em 711, com a entrada dos árabes desde o sul, como o ressurgimento do Reino da Galiza entre o s. IX e (oficialmente) até ao s. XIX, figérom esquecer o reino suevo, que, porém, permanece hoje, de forma muito clara, em diversas manifestaçons culturais, tanto materiais como imateriais. Dentre estas, as imateriais, que som também as mais numerosas, destaca o impacto da antroponímia e da toponímia, nom sempre doada de identificar.

Já falamos no Nomes do País do transvase antroponímia > toponímia no caso dos povos germánicos na península ibérica e, concretamente, no caso da Gallaecia, de modo que conhecer a antroponímia de uso corrente na época será também um excelente modo de identificar e compreender a toponímia atual. Aliás, dado que a documentaçom medieval nos assiste, o que vem a continuaçom é umha listagem da onomástica germánica documentada na Galiza (Sachs, 1932; Piël, 1933-40), organizada com base na hipótese temática fornecida polo tesouro Proto-Germánico (PGmc), tal como estudado por Köbler (2007). Assim, depois do elemento temático, indica-se a sua etimologia, e, seguidamente, as ocorrências documentadas, diferenciando entre prototemas (PT) masculinos ou femininos, e deuterotemas (DT), onde, pola sua vez, se indicará o género: DTm se forem masculinos e DTf se forem femininos.

Finalmente, como aclaraçons adicionais, considere-se que: a) nalguns casos, pode dar-se ocorrência de temas celtas e germánicos idênticos, e b) nom todos os antropónimos germánicos derivam do PGmc; alguns som adaptaçons de formas latinas assimiladas pelos germánicos antes da chegada ao noroeste da península ibérica. Dado que, como norma, todos os temas som PGmc, apenas se indicarám as procedências que forem diferentes.

  • Köbler, Gerhard: Germanisches Wörterbuch. On-line.
  • Piël, Joseph M.: Os nomes germânicos na toponímia portuguesa. In Boletim Português de Filologia vol. II-VII: Lisboa.
  • Sachs, Georg (1932) Die germanischen Orstnamen in Spanien und Portugal. Jena: Leipzig, 1932.