Bois na toponímia: falsos zootopónimos?

As homofonias criam, amiúde, topónimos que, desde determinado ponto de vista, podem resultar intrigantes. Já falamos do caso de Cervo, Cervantes ou Cerveira, e do modo como parecem zootopónimos vindos do cervus latino, sendo que provêm, mais provavelmente, da raíz PIE *ker-, com valor também oronímico. E ainda não é um caso muito extravagante, porque […]

Braga

Braga

Braga, que hoje é capital do distrito do mesmo nome, e que foi designada em épocas anteriores com formas grandiloquentes como a “cidade dos Arcebispos”, a “Roma portuguesa”, a “cidade dos três Sacro-Montes” ou o “coração do Minho”, foi também capital de toda a Gallaecia romana após a sua fundação no século I a.C. sob o […]

Falperra: lugar de ladrões?

Existe a crença popular de que o topónimo Falperra que temos nas cidades da Crunha e de Vigo provém do português, e que significa “lugar onde abundam os ladrões”. Ora, uma afirmação do tipo “vém do português e significa lugar onde abundam os ladrões” deve, necessariamente, obrigar-nos a andar com olho. Outras Falperras Em primeiro […]

Topónimos germânicos (VI): terminações em -ilde

Nesta sexta nota sobre antropotoponímia germânica iremos expor o caso dos topónimos terminados em -ilde. Procedem, como no resto dos casos, de um genitivo, neste caso –gildi, com uma evolução dupla: para -ilde, pola perda do -g- não sonorizado; e para -gilde, pola sonorização dessa gutural. Com independência do modo como evoluíram, estas terminações correspondem-se […]

Toponímia árabe (I): o tema sidi

Comecemos esta primeira nota sobre toponímia árabe centrando-nos no tema sidi, do árabe sayyid (“senhor”), que deu, evolutivamente, a forma *zide (var. *side, *xide) que aparece tanto na Galiza como em Portugal habitualmente como segundo elemento de um topónimo composto. Na Galiza, figuram Abuzide, Cazide, Cardezide, Carpazide, Carrazide, Carrozide, Casal de Zide, Crezide, Donzide, Lamazide, […]

Falsos fitotopónimos

Quantos nomes de lugar há que sejam Carvalho? Quantos Pinheiro? Quantos Sobreira, quantos Figueira, Nogueira ou Moreira? E, porém, como suspeita José da Cunha, não são elementos vulgares de mais para darem nome a um lugar? Não são elementos que há por toda a parte e, por isso mesmo, inúteis para significar com o seu […]

Mesão do Bento, não do Vento

Já se falou em diversas ocasiões do modo como a ignorância premeditada que instituiu a ditadura fascista no Estado espanhol trouxe para a Galiza importantes consequências no âmbito concreto da toponímia. Às castelhanizações, que foram deturpações consabidas e, portanto, bárbaras, há que somar outras fórmulas como a de ir à toa segmentando falsos artigos (v. […]

Topónimos germânicos (V): terminações em -sende e -sinde

Vai mais uma peça sobre as terminações de topónimos derivadas de genitivos germânicos, nesta ocasião referidas a -sende e -sinde. Estas terminações correspondem-se com os lemas paleo-germânico *senþaz ‘companheiro’ ou *swenþaz ‘forte’, e com elas, aparecem nos limites da antiga Gallaecia mais de meio cento de topónimos diferentes, sem contar os microtopónimos, cuja extensão ultrapassaria […]

Lugares com falso nome de pessoa (II): Mariola, Marta e Martim

Continuando com o fio sobre lugares com falso nome de pessoa, no qual já foi tratado o caso de Suso e Susana, vejamos agora mais um exemplo com os nomes de Mariola, Marta e Martim. Mariola é, na Galiza, hipocorístico do nome bíblico Maria (hebreu Miriam). Marta é também nome bíblico, derivado do hebreu-aramaico מַרְתָּא, […]

Topónimos celtas (I): o tema cerv-

Hai quem diga que em Cervo, no norte da Galiza, houvo cervos (cervos suficientes como para gerar um zootopónimo, entenda-se), como também em Cerveira ou em Cervanha ou em Cervantes. Ora, a documentaçom aponta noutro sentido, bem mais razoável, que se afasta claramente do zootopónimo. Moralejo (2010: 107) sugere ter-se em conta a forma *kerbho– […]